segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Eu Estou Aqui

[Para a Bela Adormecida]

Descartes -"Penso logo existo"
Pedro Abrunhosa -"Eu estou aqui"

Não acredito que estes dois senhores se tenham alguma vez conhecido e partilhado teorias ou versos, mas a verdade é que, mesmo tomando objectivos diferentes, estas suas citações acabam por incidir num ponto comum: Existência!

O facto de ter o computador à minha frente e de gerar uma guerra civil entre os electrões de cada vez que primo cada uma destas teclas, não significaria, para Descartes, a veracidade absoluta do que creio estar a fazer. "Os sentidos podem enganar-nos" dir-me-ia o distinto gaulês, "podes estar a sonhar". {ou a ser controlado pela Matriz...}.
No entanto, o simples desenrolar deste raciocínio, não me garantindo as reais condições em que o faço, asseguram-me a existência. Não posso ter a certeza de como, mas posso ter a certeza de que estou aqui.

Já o senhor Abrunhosa é mais directo, "estou aqui" e ponto final. Parece não se questionar sobre a eventualidade da sua certeza ser apenas sua.

É isto que fazemos no nosso dia-a-dia. Pensamos e agimos, pensamos e agimos. {às vezes agimos e agimos, porque isto de pensar queima muito açucar e a crise não deixa espaço ao desperdício}
Somos senhores da razão e usamo-la para construir o nosso caminho. Mas porque será que escolhemos este caminho, tal e qual como o fizemos?! Pode ser que existam os tais de Universos paralelos e acabemos, sem saber, por escolher todos os caminhos, mas porque motivo estou EU, este ser que Descartes e Abrunhosa me fazem deduzir existir, a pensar sobre isto?! Porque estará o leitor a ler este meu texto, e não outro?
Temos duas hipóteses:
- Obra do acaso.
- Obra das nossas decisões.

Chegado a este ponto, pergunto-me: "se tudo isto é obra do acaso, então, quem é esse tal de acaso, de onde é que veio e que quer ele?" {Porque hoje em dia ninguém dá nada a ninguém xD}
A pergunta até parece feita por um dos apresentadores do Telerural, mas, pensando bem, e tendo em conta tudo o que assumimos ser obra do acaso, parece-me plausível atribuir-lhe existência.
Por outro lado, poderia perguntar-me também: "se tudo isto é obra das minhas decisões, então porque terei eu decidido assim?! Obra do acaso {outra vez este moço!!!}, ou estarei eu programado para decidir assim?! Terei algum poder real de decisão, ou estará já toda a minha existência determinada?!"

Todas estas questões são como maçãs maduras, prontas a soltar-se do galho e cair sobre a cabeça do agricultor que lhes deu vida: Deus!
Será Deus o tal de Acaso? Será Deus um velhinho com bengala e barba branca que escreve num livro os nossos destinos? Será Deus um imenso agregrado de partículas chamado Universo?

Não sei. Mas sei tudo aquilo que preciso saber, por agora,
"Eu estou aqui"!!
;)

Jack Pot

1 comentário:

  1. Sem dúvida que tudo aquilo que precisamos de saber é que estamos aqui, que existimos e que (tenhamos essa ilusão) podemos decidir o que queremos, desejamos, achamos melhor para nós e para quem nos rodeia num dado momento.

    Sim, porque até pode existir alguém que nos controle,não digo o contrário, mas o facto é que, de cada vez que agimos, parece que fomos nós a decidir e não o acaso. Portanto, tudo o que fazemos acaba por ir de encontro áquilo que pensamos, que queremos, com o que nos identificamos.

    Assim estou de acordo contigo Jack Pot, tudo o que interessa e é importante é que estamos aqui agora, por isso limitemo-nos a existir! No entanto penso que parte integrante da nossa existência é também chegarmos á hora de ir dormir e pensar. Pensar no que fizémos, no que não fizémos, no que gostaríamos de ter feito, mas não tivémos tempo ou coragem para levar adiante e, com isso, acabamos por reflectir no que somos e como somos e todas aquelas questões filosóficas que tantas vezes nos atormentam...

    Bela Adormecida

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Cartas de escárnio e mal-dizer