quarta-feira, 29 de julho de 2009

Espera aí 5 minutos

Em Portugal, temos coisas realmente extraordinárias, uma delas é a nossa forma “extremamente rigorosa” de nos relacionarmos e vivermos.

Quantas vezes atendemos o telemóvel e perguntamos “quem fala?”, quando já vimos lá o nome de quem nos está a ligar!? Quantas vezes perguntamos aos nossos filhos se já estão a dormir!? Quantas vezes, distraídos, dizemos que sim sem nos apercebermos!? Quantas vezes estamos atrasados, nos ligam e dizemos “só 5 minutinhos”, mas na realidade são 20 minutos!? Quantas vezes achamos que podemos concertar os electrodomésticos dando-lhes pancadas!? Quantas vezes falamos com a televisão a ver futebol (passa a bola c*****o!) ou telenovelas (ele ‘tá-te a enganar!!!)!?

A lista é interminável, contudo vou tentar resolver estes com o “kit rigor Portugal”! neste encontram-se alguns conselhos muito úteis para ajudar os portugueses a serem mais eficientes.

1º Quando o telemóvel tocar, olhar para o telemóvel, ver quem lhe liga e, só depois, atender.

2º Quando quiser saber se os seus filhos estão a dormir, olhe para eles, sobretudo para a mágica parte dos olhos, têm o dom de revelar isso (em 99% das hipóteses).

3º Quando estiver a falar com alguém, não se distraia com a televisão, o telemóvel ou qualquer outra coisa. As pessoas valem mais que os electrodomésticos!

4º Quando marcar algo, tente chegar a horas, nem que seja pela pessoa que vai ter de esperar! E quando tiver de esperar 5minutinhos, vá beber um café e ler o jornal (marque sempre o ponto de encontro num café!).

5º Para consertar um electrodoméstico leve-o a um técnico. Já agora para o usar adequadamente leia o manual de instruções, é que o português sabe sempre usar os electrodomésticos na perfeição!

6º A televisão para já ainda não tem ouvidos, vá até ao estádio (cuidado com o preço dos bilhetes) ou então amace a almofada; volte ao seu estado racional e perceba que as novelas não são reais.

Vamos fazer Portugal um lugar mais agradável para viver J

PS: tirando os 5 minutinhos e o telemóvel, já fiz e, por vezes, ainda cometo estes erros, afinal eu também sou português.

MSN

sábado, 25 de julho de 2009

Tão Apetecível

Quando a vi naquele fim de tarde, não resisti!!

Havia várias semanas que lutava contra o instinto, mas nesse momento fui finalmente vencido. Esmagado. Completamente destroçado pelo meu lado selvagem.

Eram sete da tarde e o Sol aproximava-se, vagarosamente, do horizonte, fazendo com que tudo em volta espelhasse tons alaranjados muito vivos, quase rubros. Como as minhas faces, que ardiam só de a olhar.
Ali, empoleirada naquele muro, e tendo o céu azul como pano de fundo, brilhava resplandecentemente. Estava esplêndida. Enlouquecedoramente apetecível.

Dei um passo em frente para poder vê-la mais de perto. Um passo calado, que não denunciasse a minha presença.
Não denunciou.

Era realmente bela. O pescoço alto, o peito perfeito, as coxas fortes, uma verdadeira deusa. Digna de representar a espécie.
Espiada há já tanto tempo em silêncio, pareceu sentir a minha presença e voltou-se para mim. Fitou-me de lado, com um olhar vazio, distante. Do alto do seu pedestal sabia que eu estava a admira-la e decidiu ignorar-me.
Foi então que cedi. Não podia resistir-lhe mais. Não era possível que alguém pudesse.

Girei sobre as pontas dos pés e percorri o caminho que ali me levara minutos atrás.
Movia-me tão concentrado, tão convicto do que queria, que nem reparei na minha querida avó aparecer-me pela frente, quase esbarrando nela.
Nenhum dos dois se magoou e eu fiquei feliz por tê-la encontrado tão depressa, era exactamente a pessoa que eu procurava naquele momento. Com um dedo apontei-lhe o objecto dos meus delírios, ganhei folêgo, e pedi-lhe:
"Avó, por favor, mata aquela galinha e faz arroz de cabidela!"

O resto da história não será difícil de imaginar.
Aquela galinha era realmente tão gostosa como parecia ser.

:D
Jack Pot

quarta-feira, 22 de julho de 2009

25 de abril

A 25 de Abril é uma ponte que o Salazar mandou fazer e que, segundo ele, espelhava o que era o seu Estado Novo: próspero e enorme (em miséria e em limitações à liberdade e em desigualdade, mas isso é outra conversa).

Ora passando à frente, o homem que teve a brilhante ideia de transformar o símbolo do Salazarismo no símbolo da sua derrota foi realmente inteligente, porque 25 de Abril soa mesmo bem e é mesmo nome de ponte e porque assim não há que dizer Ponte Salazar [“o transito está complicado na ponte Salazar” pela manha, podia deixar as pessoas a pensar nele e era perigoso para esta pseudo democracia que nós temos].

Mas, mais que isso, esse senhor foi tão visionário que percebeu que tínhamos de associar o 25 de Abril a algo enorme, não pela revolução em si, mas pela utilização futura da palavra. É que 25 de Abril neste momento é as costas largas de metade das argumentações políticas deste país: “sabe, é que antes do 25 de Abril eu vivi doutra forma” e a coisa soa bem. E é por isso que termos essa enorme ponte chamada 25 de Abril é realmente importante para a política portuguesa.

Mas para aqueles que querem perceber a evolução do ideal 25 de Abril, essa instituição, há um exemplo magnífico em Viana do Castelo! Que é esta coisa toda bonita:


Esta beleza que eu um dia tive o prazer de observar, explica de forma brilhante o 25 de Abril. É um monumento enorme, alto e aberto, tal como o 25 de Abril deve ser, um pilar da sociedade: a liberdade. Mas o problema é que o monumento se foi enferrujando e ninguém tratou dele, ele tinha uma corrente ao alto, só que com o vento fazia barulho, tiveram da cortar e deitar ao chão [como se ve na figura]. Então visto isto o monumento já não espelha o 25 de Abril!? Claro que espelha, é que o monumento tava tão bem feito que evoluio com o próprio conceito: era muito grande e tal, mas as pessoas começaram-se a esquecer do que era a liberdade e começaram a deixar da cuidar (é que liberdade também é respeitar o espaço do outro) e ficou assim um bocado enferrujado. E liberdade também é criticar o que está mal, fazer barulho, incomodar quem não faz o melhor pelo país, a voz do povo a expressar a sua opinião, pois mas parece que há quem não goste de ser incomodado e pronto: cortaram a corrente.

E agora pergunto eu: mas o 25 de Abril é as costas largas duns quantos que o adaptam ao seu belo prazer ou é uma das melhores coisas que nos deixaram e cabe-nos a nós preservá-lo e lutar por ele e junto a ele como os nossos antepassados fizeram!? O 25 de Abril são 2 monumentos ou são 10 milhões de pessoas!?


É que os cravos, como flores que são, se nao forem cuidados e regados murcham!

MSN

Cativo em mim

Há beleza que me petrifica.
E eu sinto-o acontecer.

Sinto,
os braços perderem força e as canelas tremerem devagar,
o sangue passear-me nos vasos e irrigar os músculos contraidos,
a respiração tornar-se lenta, súbita, inesperada,
o coração bem no centro do peito a cada "bum"!!!
Sinto a alma fluir, na direcção do que me consome.

Só o pestanejar se mantém constante, inalterado, hipnotizado.
Só por ele sei que o tempo não parou.

Prendam o nascer do Sol e o anoitecer.
O brilhar da Lua cheia e do seu sorriso.
A cor de fogo dos seus cabelos e o azul turquesa dos seus olhos.
O rasgar dos céus e o ribombar dos trovões.
A graciosidade do seu ser.

Prendam-nos a todos,
prendam-nos e ponham-nos numa caixa de vidro, transparente,
onde eu possa contemplá-los...

...sentir-me petrificar

Jack Pot
22 de Julho de 09

a explicação do inexplicável

Perfeito no imperfeito

Abstractamente exacto

Esse contraditório acto

O mais belo de facto


Amor, paixão, sentimento

Tudo menos pensamento

Mas capaz de se definir num momento

Sem um único argumento


Um simples gesto

Esse acto maestro

Impossível de ver

Apenas de viver


Ama com o coração

Jamais com a razão



MSN