A 25 de Abril é uma ponte que o Salazar mandou fazer e que, segundo ele, espelhava o que era o seu Estado Novo: próspero e enorme (em miséria e em limitações à liberdade e em desigualdade, mas isso é outra conversa).

Ora passando à frente, o homem que teve a brilhante ideia de transformar o símbolo do Salazarismo no símbolo da sua derrota foi realmente inteligente, porque 25 de Abril soa mesmo bem e é mesmo nome de ponte e porque assim não há que dizer Ponte Salazar [“o transito está complicado na ponte Salazar” pela manha, podia deixar as pessoas a pensar nele e era perigoso para esta pseudo democracia que nós temos].
Mas, mais que isso, esse senhor foi tão visionário que percebeu que tínhamos de associar o 25 de Abril a algo enorme, não pela revolução em si, mas pela utilização futura da palavra. É que 25 de Abril neste momento é as costas largas de metade das argumentações políticas deste país: “sabe, é que antes do 25 de Abril eu vivi doutra forma” e a coisa soa bem. E é por isso que termos essa enorme ponte chamada 25 de Abril é realmente importante para a política portuguesa.
Mas para aqueles que querem perceber a evolução do ideal 25 de Abril, essa instituição, há um exemplo magnífico em Viana do Castelo! Que é esta coisa toda bonita:

Esta beleza que eu um dia tive o prazer de observar, explica de forma brilhante o 25 de Abril. É um monumento enorme, alto e aberto, tal como o 25 de Abril deve ser, um pilar da sociedade: a liberdade. Mas o problema é que o monumento se foi enferrujando e ninguém tratou dele, ele tinha uma corrente ao alto, só que com o vento fazia barulho, tiveram da cortar e deitar ao chão [como se ve na figura]. Então visto isto o monumento já não espelha o 25 de Abril!? Claro que espelha, é que o monumento tava tão bem feito que evoluio com o próprio conceito: era muito grande e tal, mas as pessoas começaram-se a esquecer do que era a liberdade e começaram a deixar da cuidar (é que liberdade também é respeitar o espaço do outro) e ficou assim um bocado enferrujado. E liberdade também é criticar o que está mal, fazer barulho, incomodar quem não faz o melhor pelo país, a voz do povo a expressar a sua opinião, pois mas parece que há quem não goste de ser incomodado e pronto: cortaram a corrente.
E agora pergunto eu: mas o 25 de Abril é as costas largas duns quantos que o adaptam ao seu belo prazer ou é uma das melhores coisas que nos deixaram e cabe-nos a nós preservá-lo e lutar por ele e junto a ele como os nossos antepassados fizeram!? O 25 de Abril são 2 monumentos ou são 10 milhões de pessoas!?
É que os cravos, como flores que são, se nao forem cuidados e regados murcham!
MSN
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Cartas de escárnio e mal-dizer